sexta-feira, 30 de abril de 2010
2° semana de aula- Aula 3/ Artigo 3 (CETICISMO)
Graças às obras do médico grego Sexto Empírico, que deixou uma exposição sistemática e completa da filosofia cética, esta nos é tão ou melhor conhecida que a maior parte das outras doutrinas da Antigüidade. Contudo, a difusão, o renome e a influência do ceticismo nunca se igualaram às do platonismo, do aristotelismo, do epicurismo ou do estoicismo. Isto se deve principalmente a duas causas. Em primeiro lugar devido ao fato de que esta atitude filosófica, que implica um questionamento radical do conhecimento sensível e racional, não poderia ser compatível com uma tendência profunda do homem: a que o leva a buscar, pela especulação, verdades incontestáveis e solidamente estabelecidas para fazer delas o fundamento, o apoio de sua existência. O espírito humano dificilmente consente em reconhecer seus limites: não é de sua natureza confessar-se incapaz de chegar a certezas absolutas. Por detrás da diversidade cambiante dos fenômenos, ou seja, das aparências, o pensamento ocidental procurou, durante séculos, apreender o que e. Definir o Ser-em-si, o Bem por excelência foi, durante muito tempo, o fim supremo de suas investigações. Ora, o ceticismo não cessou de recusar à inteligência humana a capacidade de conceber estes princípios. Como reconhecer a importância de uma “doutrina” que contesta o valor de todo empreendimento filosófico tradicional? Além disso, os próprios termos “ceticismo” e “cético” foram, sobretudo a partir do século XVIII, objeto de um mal-entendido que contribuiu, em certa medida, para fazer conhecer mal o sentido e o alcance verdadeiros do “pirronismo” grego. Estas palavras foram usadas — e o são ainda — para designar a atitude própria de Voltaire, que consiste em colocar em dúvida as afirmações da fé religiosa, submetendo-as à crítica da razão ou da experiência sensível. As noções de ceticismo e de incredulidade foram, às vezes, identificadas e até confundidas.
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